VOZ ACTIVA
Canta, poeta, canta!
Violenta o silêncio conformado.
Cega com outra luz a luz do dia.
Desassossega o mundo sossegado.
Ensina a cada alma a sua rebeldia.
Diário, Vols. IX a XVI, pág. 1349
Navegar por palavras obliquamente em relação à linha do blogovento, sem rumo?
VOZ ACTIVA
Canta, poeta, canta!
Violenta o silêncio conformado.
Cega com outra luz a luz do dia.
Desassossega o mundo sossegado.
Ensina a cada alma a sua rebeldia.
Diário, Vols. IX a XVI, pág. 1349
O “cantar” de Miguel Torga, é o cantar mesmo das almas desassossegadas, presas, tolhidas,mas que ainda sonham em encontrar as forças todas necessárias dentro de si para , enfim libertarem-se dos grilhões aos quais sentem-se presas. A liberdade da alma por ele cantada não é utópica, mas sonho de mesma liberdade que poderá transformar-se em palpitante realidade.Cantemos todos e unamos nossas almas para que possamos construir um mundoo melhor !
Canta, poeta, canta!
Canta e encanta
as etéreas almas santas
– dimensões desconhecidas
de outras vidas…
Meus Cantares
Canta, poeta, canta,
– canta os coloridos vitrais medievais
– caleidoscópio de sonhos
– projeções tácteis como sinos a dobrar
em melancólicos “Nunca mais”…
Canta, poeta, canta!
Glorifica a alegria da vida,
canta a chegada da morte,
– que tua voz cante alto e forte
os ocorreres humanos
de toda a sorte…
Canta, poeta, canta!
Canta o canto maldito
– as palavras sofridas
– as lágrimas vertidas
– a complexidade do Ser…
Canta, poeta, canta!
Canta a tristeza triste
– dos sonhos não vividos,
– dos amores que morreram
sem sequer terem nascido…
Canta, poeta, canta!
Ultrapasse tua voz
as inexistentes fronteiras
– humanos e tíbios limites
erguidos pelas almas pequenas.
Canta, poeta, canta!
Faze teu canto ser levado pelo vento,
tua voz, em sentimento, ecoará
em suaves tons de elegia – compassada sincronia
com o ritmo dos astros todos no firmamento.
Canta, poeta, canta!
Dedilha as cordas da lira com destreza, maestria,
ao cantar à porfia a vida, dia a dia.
Poeta! Teu cantar é magia, é mesmo sinfonia
que da alma, a tristeza retira.
Canta teu Canto de Liberdade! Canta, poeta,
inspirada por fraterna solidariedade,
luta sempre contra a falsidade:
Canta a harmonia do Ser com a Eternidade
Canta, poeta, canta!
Canta sempre mais alto
a infinita e incansável esperança!
Sejam teus versos lançados, quais flechas
pelo arco das palavras ao máximo retesado
e atinjam certeiros, a ferir de morte a dor e o mal.
Fulmina, Poeta, a iniqüidade da Terra,
põe final à agonia !
O `cantar` de Miguel Torga e o `cantar` de Mirna Cavalcanti,trazem em seu bojo a beleza dos sentimentos profundos do que realmente se encontra entre o que de mais forte existe na poesia e, pois, na vida. Lembram versos camonianos, escritos em lingua escorreita. Demonstram, por outro lado, o Conhecimento do Ser no mesmo quilate de Shakespeare. A maioria dos poetas hodiernos desconhece a forma indirecta e, para muitos, compreender um texto assim escrito se torna dificil. Cito como exemplo o pouco ou nenhum entendimento do Hino Nacional Brasileiro.
A beleza dos versos de Torga soma-se a` beleza dos versos de Mirna Cavalcanti.